quarta-feira, 18 de maio de 2011

Três em 4 trabalhadores gastam no mínimo 2h/dia fazendo nada no trabalho

SÃO PAULO - Quantas horas você fica sem fazer absolutamente nada de efetivo no seu ambiente corporativo? Por quantas horas você se dedica a escrever, ler e classificar seus e-mails? E quanto tempo você costuma enrolar diariamente?

Essas inusitadas questões – e outras – foram as ferramentas para constituir a pesquisa “utilização do tempo no trabalho”, realizado pela empresa especializada em produtividade, colaboração e administração do tempo Triad PS.

Segundo o levantamento, praticamente três quartos (74%) dos ouvidos (1.606 trabalhadores, sendo 890 homens e 716 mulheres) gastam, no mínimo, duas horas sem fazer absolutamente nada no ambiente de trabalho. Desse montante, 32,8% gastam em média duas horas, 18,5% três horas e impressionante 0,9% confessou que fica sete horas sem fazer nada de efetivo no ambiente corporativo.

O especialista em gestão do tempo que monitorou a pesquisa, Christian Barbosa, analisa que não surpreende haver esse gasto de tempo com outras atividades, mas vê o número como alto. “É normal haver um tempo de exceção, ninguém trabalha ininterruptamente, mas o número de horas desperdiçadas é muito grande”, avalia.

Enrolação

Na pergunta, “durante seu expediente, quanto tempo você costuma enrolar diariamente”?, é possível verificar que mais de um quarto dos entrevistados “enrola” entre duas e quatro horas por dia de trabalho. Quase 30% “enrola” uma hora por dia.

Na avaliação sobre o tempo gasto com atividades pessoais, predomina a resposta “30 minutos”, com 31,6%, seguido de 1 hora, com 25,2%.

Também são polêmicas as respostas sobre o que os trabalhadores já fizeram no expediente: 11,1% disseram que já viram ou veem pornografia e 20,6% confessaram que jogam ou jogaram games on-line. Mais de 13% dizem paquerar o colega e 1,8% confessou que fez ou faz sexo virtual no ambiente corporativo.

Quase 60% confessaram dar uma esticada no almoço e quase 27% no café. Pelo menos quatro em cada dez repassaram ou repassam piadas por e-mail e 29,9% procuram ou já procuraram outro emprego. Outras atividades que concorrem fortemente com o trabalho são as compras on-line, praticadas por 56,5% dos entrevistados, e marcar consultas, com 60,5%.

Desculpas

Quando perguntados sobre a justificativa para usar o tempo para fazer atividades não relacionadas ao trabalho, 35,5% disseram que não têm tempo para resolver problemas pessoais fora do trabalho, 32,1% afirmaram que têm pouco trabalho a fazer, 20,4% afirmaram que estão infelizes com o emprego e, em seguida, aparecem os 18,6% que disseram que recebem um salário ruim e estão sem motivação para trabalhar.

Christian Barbosa propõe que esse dado seja mais pensado pelas empresas. “Estamos mostrando que as pessoas têm um problema de uso do seu tempo, e aí entram questões envolvendo estratégias, produtividade, gestão de tempo. É necessário pensar em criar hábitos para ajudar a minimizar o impacto dessa dispersão”, diz.

O que mais faz os trabalhadores perderem o foco no horário de trabalho é a internet, seguida dos colegas de trabalho, e-mail, telefone e comunicadores on-line.

Na avaliação que os trabalhadores fazem sobre o seu chefe, predomina a resposta “que eles também costumam fazer coisas pessoais no expediente”, afirmação escolhida por 48,3% dos entrevistados. Quase um terço (31,8%) diz o que chefe não sabe se planejar.

Os respondentes também responderam sobre o tempo que gastam para escrever, ler, responder e classificar seus e-mails. Cerca de 32% gastam uma hora com isso, enquanto outros 23,7% usam duas horas de seu dia.

Redes sociais

Outro dado expressivo é o que mais de 84% dos trabalhadores admitiram acessar redes sociais durante seu horário de expediente. Entre esses, só 8% acessam esses sites apenas durante o expediente, enquanto outros 92% acessam em outros locais também.

Entre as redes preferidas, está o twitter, acessado por nada menos que 94% dos entrevistados. O Facebook é acessado por 59,4% e YouTube e Orkut contam com mais de 35% de acessos entre os entrevistados. Para Barbosa, é inevitável que as empresas insiram as redes sociais dentro do seu contexto, mas deve haver um controle, para equilibrar as coisas. “Acredito que as redes sociais ajudam até as pessoas a serem mais eficientes, mas é necessário ter um controle, um monitoramento, equilibrando os interesses e necessidades”, avalia.

Barbosa diz que há vários aspectos que devem ser levados em conta na pesquisa, mas uma reflexão pode ser pensada desde agora. “Embora não seja comum, talvez esteja na hora de fazer uma discussão de cobrança por produtividade e não horário. É necessário trabalhar com a realidade do funcionário, entender a expectativa da empresa e repensar algumas fórmulas”, propõe.

Tércio Saccol

Fonte: Site Contábil

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