Thays Bueno, de 28 anos, é funcionária no Google e fez cursos de espanhol, escrita criativa e a pós-graduação em marketing com apoio da organização
Desenvolvimento profissional e desafios constantes são as principais metas dos profissionais de até 30 anos para suas carreiras. Em busca desses objetivos, eles estão derrubando os mitos que os perseguem: ao contrário do que se acreditava, os representantes da chamada geração Y desejam permanecer por muitos anos em uma mesma companhia, desde que elas abram possibilidades de crescimento e aprendizado. A conclusão é do estudo "Empresa dos Sonhos dos Jovens", realizado pela Cia de Talentos, em parceria com a empresa de pesquisa NextView People.
Em 2011, os mais de 40 mil brasileiros entrevistados elegeram o Google como a melhor empresa para iniciar ou desenvolver suas carreiras. É a segunda vez que a multinacional de serviços de tecnologia ocupa o topo do ranking realizado desde 2002. No ano passado, a empresa ultrapassou a Petrobras, que conquistou a segunda colocação no ranking geral, mas continua como primeira opção para os jovens das classes C, D e E, conforme apontou segmentação da pesquisa por nível de renda. Ambas, porém, reúnem características que são cada vez mais valorizadas pelos jovens: o estímulo ao aprendizado e a sensação de poder "trocar de emprego" diversas vezes dentro da mesma organização.
"As empresas mais bem avaliadas têm muito em comum. Além de possuírem uma boa imagem e um ambiente de trabalho motivador, oferecem o desenvolvimento e os desafios que os jovens tanto desejam", afirma Danilca Galdini, sócia-diretora da NextView People.
Segundo ela, essas características podem ser a solução para um dos principais temores das empresas em relação aos talentos da nova geração: a infidelidade profissional. O estudo revelou que 41% dos jovens acreditam que o tempo adequado para permanecer na empresa pode ser superior a 20 anos. Esse percentual vem crescendo - de 9% em 2009, pulou para 30% no ano passado. "A cada pesquisa, percebemos um amadurecimento e uma coerência maior desse público com relação às suas escolhas. O foco no desenvolvimento profissional é um dos resultados desse processo", afirma Sofia Esteves, presidente da Cia de Talentos.
A especialista em comunicação e políticas públicas Thays Bueno, de 28 anos, começou a trabalhar no escritório paulistano do Google em 2006, alguns meses após a empresa iniciar suas atividades no Brasil. Desde então, passou pela área de vendas, participou de um treinamento na Irlanda e, há alguns meses, integra o time de relações públicas da companhia. Thays conciliou o trabalho com os cursos de espanhol, escrita criativa e a pós-graduação em marketing - todos eles apoiados pela empresa. "A grande vantagem do Google é que você não precisa ser um executivo 'top' para receber esses benefícios. O investimento no funcionário acontece desde o início da carreira, o que é maravilhoso para o jovem", diz.
Esse, contudo, não é o único atrativo. Segundo Monica Santos, diretora de RH do Google para a América Latina, a marca forte e inovadora e o ambiente de trabalho informal são marcas da cultura da empresa. Baias decoradas, patinetes para deslizar pelos corredores da companhia e guloseimas à disposição de todos promovem o clima de diversão no local de trabalho. "É uma combinação bastante atraente para os estudantes ou recém-formados."
O ambiente amistoso dá resultados na retenção: segundo a diretora, o 'turnover' do escritório brasileiro, que tem 300 funcionários, está abaixo da média do mercado. "Só perdemos gente para outras unidades do Google, uma vez que somos uma empresa global com oportunidades no mundo todo."
A possibilidade de construir uma carreira internacional, segundo a pesquisa, também está entre as preferências dos profissionais com até 30 anos. "As companhias que se destacam no ranking são multinacionais ou brasileiras que atuam em vários países", afirma Danilca, da NextView.
Esse é o caso da Petrobras, que atua nos cinco continentes e oferece oportunidades de trabalho e cursos no exterior para seus funcionários. Segundo Mariângela Mundim, gerente de planejamento e avaliação de RH, a boa imagem da empresa também contribui para conquistar o jovem. "O fato de sermos pioneiros e reconhecidos internacionalmente pela capacidade tecnológica é um diferencial na hora de atrair talentos", afirma.
Fazer parte do time da Petrobras era o sonho de Tainá Cosme, de 23 anos, durante a faculdade de engenharia química. Formada em 2009, no ano seguinte ela foi aprovada no concurso público para o cargo de engenheira de processamento júnior. O trabalho, porém, só começou há um mês: ela passou pouco mais de um ano em um curso de formação na Universidade Petrobras. Depois de ser avaliada e passar por entrevistas com os futuros gestores, foi selecionada para a área de petroquímica, onde desejava atuar.
O investimento na formação e o fato de a Petrobras ser referência em tecnologia de petróleo foram determinantes para a escolha de Tainá. "É uma companhia que dá valor ao conhecimento e sempre se aprimora tecnicamente", afirma ela, que também destaca a importância da estabilidade. Mariângela explica que uma das principais vantagens da Petrobras para o jovem é a diversidade de funções e atividades que a empresa oferece. "Aqui é possível mudar de emprego sem pedir demissão."
O dinamismo das empresas, segundo Danilca Galdini, da NextView, é uma característica valorizada por esse público, assim como a ética. "A primeira edição da pesquisa, em 2002, mostrou que o jovem valorizava a boa imagem da organização. Hoje, ele cobra ações e comportamento condizentes com essa imagem."
Outra mudança percebida em 2011 foi a tendência de diversificação dos setores escolhidos pelos jovens. Em edições anteriores da pesquisa, as empresas de bens de consumo, tecnologia e bancos dominavam a preferência dos entrevistados. Hoje, indústrias como a de infraestrutura - beneficiada principalmente pela proximidade da Copa do Mundo e Olimpíada - começam a constar do levantamento.
É o caso da Odebrecht, que está entre as dez preferidas dos jovens pela primeira vez. "Já tivemos 'ondas' como a do mercado financeiro e a da tecnologia. Mas o jovem agora está preocupado em desenvolver carreira, independente do segmento", afirma Sofia Esteves, da Cia de Talentos.
Vívian Soares
Fonte: Site Contábil
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