Alma de luz banhada intensamente,
Boiando a flor das águas do destino,
O velho poeta é quase um inocente
Na ingenuidade eterna de menino.
E, novo Homero ancião, cego e divino,
Tange as cordas da lira e a toda gente
Leva o clamor de um canto peregrino
- Velha cigarra sempre adolescente -
Na sucessão de albores e negrumes,
De sombras e auroras boreais,
Seu coração é um frasco de perfumes,
Sempre aberto a espalhar na imensidade
Os aromas eternos, imortais,
- Velho incensório azul da Humanidade -
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Os meus poemas têm ruídos de estertores,
Ritos e contorções, espasmos de agonia,
Algo de sepulcral sobre a fisionomia
Na entranha lividez dos últimos palores...
São câmaras de morte enfeitadas de flores,
Vésperas de velório, esboços de elegia;
Cantos de pôr-do-sol, nênias de fim do dia,
Na cristalização total das grandes dores...
Catástrofes de fim, pânico e desespero
- Muita coisa de Dante e um pouquinho de Homero.
Últimos quadros da alma atormentada e exangue.
Mas, se em meus versos há ressaibos da cicuta
Que me dão a beber ao término da luta,
É que sinto o torpor da morte no meu sangue.
AUTOR: Carlos Chaves – Ó Chefe 45!
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