Poemas de Charles Robert Keis - "Ô Chefe 45"

Não posso amar-te, e te esquecer não posso,

És a razão única da minha vida;

Sedento, estou deste amor tão nosso,
Que mesmo ao longe, te chamo, querida!
Imaginas só, foi um beijo apenas,
Que trocamos ardentes e com medo,
E se fossem mais, nas horas serenas,
Entre nós dois não haveria segredo!
Você fugiu, saiu embaraçada,
Ofegante, linda, tão acanhada,
E nem lançou-me um último olhar;
Passaram dias, semanas e meses,
Eu ansioso, te esperava às vezes,
Mas maldosa, não quiseste voltar!


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 Perdi meu pai aos cinco anos de idade,
Nesta quadra tão feliz da existência,
Perdi tudo, fiquei órfão, com saudade,
Daquele que me amava com clemência!
O meu mundo desmoronou-se todo,
Tornei-me presa do medo, da incerteza;
Minha mãe me criou, usando o engodo,
Dentro das possas de nossa pobreza!
Eu chamava meu pai a todo instante,
não sabia a razão dele estar distante,
Tinha inveja dos meninos da rua;
Não tinha dinheiro e nem brinquedos,
E, quando eu voltava dos meus folguedos,
É que sentia a dolente falta sua!

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Senhor, não quero ver além do monte,
Para mim me basta um passo apenas;
Não quero o vinho, só água da fonte,
Que jorra pura, nas grotas serenas!
Obrigado pela forma do meu rosto,
Meu corpo, eu ouço, canto uma canção,
Suporte a vida quase sem desgosto,
Amo o próximo como ao meu irmão!
Quantos vivem sofrendo nesta vida,
Arrastando uma cruz tão sofrida,
Relegados pela falta de sorte;
Quantos não vêem a beleza da flor,
Outros infelizes, sós, sem amor,
Carregando o duro fardo até a morte!

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Dizem que para ser homem completo,
Três coisas ele tem que realizar;
Ter filho, escrever um livro seleto,
E afinal, uma árvore plantar!
Consegui tudo isto em minha vida,
Sendo admirado pelos meus
Esforços, nesta luta tão renhida,
Mas tudo, na verdade eu devo a Deus!
Eu já me encontro neste estágio
A vida me legou este apanágio,
Engalanando o destino meu;
Só que ao invés de me tornar um vulto nobre,
Eu me transformei num ser tão pobre,
Em vez de atleta, eu sou um pigmeu!