quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Custo menor leva empresa a lançar mais título longo

O volume de lançamentos de bônus de longo prazo em relação ao total de emissões nos Estados Unidos em agosto é o maior dos últimos três meses, uma vez que as empresas procuram aproveitar o menor custo histórico de captação desses papéis. O custo vem caindo como resultado da expectativa dos investidores de que a recuperação econômica perca força no país e a inflação continue em baixa.


A Norfolk Southern Corp. lançou os primeiros bônus de cem anos desde 2005, o que elevou as vendas de títulos com vencimento de dez anos ou mais para US$ 43,7 bilhões no acumulado do mês, 48,7% de todas as colocações, de acordo com dados levantados pela "Bloomberg".


O rendimento médio dos papéis com grau de investimento recuou para 3,79% em 19 de agosto, o menor na história, segundo dados do índice Bank of America Merrill Lynch.


Os papéis de prazo mais longo superaram as notas com vencimento entre um e três anos pela maior margem desde julho de 2009, em meio aos sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) espera crescimento econômico abaixo das previsões originais e desaceleração da inflação.


Os contratos futuros mostram chance de 98,6% de que o banco central não eleve em dezembro a meta da taxa para os juros interbancários de um dia em 0,25 ponto percentual ou mais.


Os bônus empresariais com grau de investimento e vencimento em 15 anos ou mais rendem 208 pontos-base, ou 2,08 pontos porcentuais, a mais que os títulos do Tesouro dos EUA de vencimento similar, em comparação à mínima do ano, de 167 pontos-base, em 21 de abril, e à diferença mínima de 202 pontos-base, em 2007, e de 134 pontos-base, em 2006, segundo dados do índice Bank of America Merrill Lynch.


Um indicador referencial do risco de crédito das empresas nos Estados Unidos subiu para o maior nível em cinco semanas, após o declínio nas vendas residenciais no país ter realimentado as preocupações com a recuperação da economia.


Os prêmios dos swaps de crédito, contratos de derivativos que os investidores usam para proteção contra calotes ou para especular sobre a capacidade de crédito, no índice Markit CDX North America Investment Grade, subiam 2,9 pontos-base, para 112,31 pontos-base, ontem à tarde, em Nova York, o maior patamar desde 19 de julho, segundo o Markit Group Ltd.


O rendimento extra que os investidores exigem para comprar bônus empresariais em vez de governamentais estava inalterado em 176 pontos-base, segundo o índice Bank of America Merrill Lynch Global Broad Market Corporate.


O receio de que a recuperação da economia mundial está cambaleante alimenta a alta dos papéis de renda fixa. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos EUA serão anunciados nesta semana e a expectativa é de crescimento de 1,4%, abaixo das estimativas anteriores, de acordo os economistas consultados em pesquisa da "Bloomberg".


Desde dezembro de 2008, o Fed mantém entre 0% e 0,25% a meta de sua taxa "overnight" para os empréstimos entre bancos.


"O ritmo da recuperação econômica deverá ser mais modesto no curto prazo do que se antecipava", destacou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), em comunicado divulgado em 10 de agosto.


Os bônus de empresas com vencimento em 15 anos ou mais registraram taxa de retorno de 3,8% neste mês, superando as notas com prazo entre um e três anos em 3,39 pontos percentuais, de acordo com dados do índice Bank of America Merrill Lynch. No ano, os bônus de longo prazo também são os de melhor desempenho, com retorno de 15,37%.


"O risco com o 'crédito longo' é a alta das taxas de juros, mas enquanto tivermos uma economia crescendo abaixo da tendência e a inflação em queda, o risco de alta nos juros é relativamente baixo", afirmou Mark Kiesel, chefe global de carteiras de títulos empresariais na Pacific Investment Management Co. (Pimco), maior administradora mundial de fundos de bônus. Os retornos dos vencimentos de prazo mais longo são "atraentes em relação à maioria das outras classes de ativos", afirmou.


A Norfolk Southern, quarta maior operadora ferroviária, reabriu lançamento de bônus de cem anos vendendo um total de US$ 250 milhões, com rendimento de 5,95%.


Foram lançados pelo menos US$ 10,4 bilhões de bônus de 30 anos neste mês, o maior volume desde março, uma vez que as empresas buscam aproveitar os menores rendimentos em pelo menos 23 anos.


O rendimento médio dos títulos com grau de investimento e vencimento de mais de 15 anos caiu para 5,43% em 19 de agosto, segundo o índice Bank of America Merrill Lynch, o menor nível desde que o índice diário começou a acompanhar esses bônus em 1986.


John Detrixhe

 
Fonte: Valor Econômico

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