A Receita Federal liberou ontem o pagamento do primeiro lote do Imposto de Renda Pessoa Física de 2014, além de lotes residuais de 2008 a 2013. Ao todo, foram depositados nascontas bancárias dos contribuintes R$ 2 bilhões. As restituições terão correção de 1,87%, equivalente à variação da taxa Selic – juros básicos da economia – entre maio e junho. O Estado de Minas ouviu especialistas em finanças para orientar os leitores sobre o que fazer com esse dinheiro extra. Todos foram unânimes em afirmar que a prioridade é pagar ou renegociar dívidas, principalmente as mais caras, como as feitas no cartão de crédito e no cheque especial. Aos que estão com as contas no azul, a recomendação é fugir da caderneta de poupança e aplicar o dinheiro em Títulos do Tesouro, CDBs ou Letras de Câmbio do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Para Samy Dana, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), se o contribuinte que recebeu sua devolução de IR não tem dívidas, é hora de considerar a possibilidade de aplicar o dinheiro, começando pelos investimentos de menor risco. De acordo com ele, se a opção for os CDBs oferecidos pelos bancos, é preciso ter e mente que os rendimentos passam a valer a pena quando as instituições financeiras oferecem taxas acima de 92% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O problema é que a taxa de retorno oferecida varia muito, e, em geral, de acordo com o volume de dinheiro que o contribuinte tem para investir – ou o que já tem no banco. Investimentos em CDB podem pagar de 70% a 115% do CDI, dependendo do volume e da negociação feita pelo cliente.
Outra boa opção está nos títulos do Tesouro Direto. De acordo com Samy Dana, para quem pensa no longo prazo, uma boa saída é aplicar o dinheiro nas Notas do tesouro Nacional Série B (NTN-b), um título pós-fixado vinculado à variação da inflação. “Hoje esse papel paga um rendimento real de quase 6% a mais do que a inflação. Isso garante o poder de compra do investidor no futuro. Apesar de ser o título que possui o maior prazo para aplicação – atualmente conta com investimentos até 2045 –, seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do período contratado, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimento do título, no resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros.
Arnaldo Curvello, diretor de recursos da Ativa Corretora, também acredita que os investidores devem fugir dos riscos neste momento. “Os títulos de renda fixa são a melhor alternativa hoje. Além disso, se o investidor puder, poderá buscar investimentos que sejam livres de Imposto de Renda, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ou as Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Nesse caso, como ocorre na caderneta de poupança, os investidores não pagam impostos e estão protegidos em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). “É possível conseguir uma rentabilidade muito próxima de 100% do CDI, o que soma 10,8% ao ano. Em termos de renda fixa, essa é a melhor opção”, afirma Curvello.
Aplicar ou não o dinheiro da restituição, porém, é uma decisão que deve partir da necessidade de cada um. O bancário aposentado do Bando do Brasil Ernando Lopes, de 84 anos, por exemplo, decidiu dar outra destinação ao dinheiro que lhe será devolvido pelo Leão. “Vou receber pouca coisa e pretendo comprar um notebook. Tenho cinco netos e eles tomaram conta do meu computador de mesa. São todos meninos e eles ficam agarrados no meu PC. O restante vou gastar com algumas coisas supérfluas”, planeja.
De olho nas taxas
O contribuinte que pretende fazer render o dinheiro da restituição do Imposto de Renda precisa ter disposição para pesquisar as taxas de rendimentos oferecidas pelos bancos e as taxas de administração cobradas por eles, o que pode fazer toda diferença ao fim de um ano de aplicação financeira. Para Júlio Hegedus Neto, analista de investimento e economista da Lopes Filhos Consultores e Investimentos, o mercado hoje tem forte demanda pelas LCAs e pelas LCIs, mas é preciso observar as melhores cotações, as taxas de administração cobradas pelos bancos sobre os investimentos e a incidência de Imposto de Renda sobre eles.
“É preciso observar se a rentabilidade está num patamar confortável acima da inflação, o que significa uma taxa de pelos menos 5% acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”, orienta Neto. De acordo com ele, há uma série de opções para a aplicação em renda fixa, mas quanto mais agressivo e rentável o fundo, maior é a exigência para a aplicação mínima. “Se você vai colocar seu dinheiro num fundo que cobra uma taxa de 0,3% ou 0,4% ao ano, com certeza terá que começar com um volume de aplicação muito alto”, observa.
No caso do Tesouro Direto, é possível investir sem pagar taxa de administração ou corretagem. No próprio site do Tesouro Direto existem informações das corretoras que estão cobrando taxa zero e isso pode mudar a cada dia. Segundo Samy Dana, quem quiser um investimento de longo prazo no tesouro, como as NTN-b’s, por exemplo, deverá levar em conta que uma indexação à inflação é muito importante. “Nunca sabemos como a inflação vai se comportar no futuro”, explica Dana.
No caso do Tesouro Direto, é possível investir sem pagar taxa de administração ou corretagem. No próprio site do Tesouro Direto existem informações das corretoras que estão cobrando taxa zero e isso pode mudar a cada dia. Segundo Samy Dana, quem quiser um investimento de longo prazo no tesouro, como as NTN-b’s, por exemplo, deverá levar em conta que uma indexação à inflação é muito importante. “Nunca sabemos como a inflação vai se comportar no futuro”, explica Dana.
No curto prazo, ele recomenda as Letras Financeiras do Tesouto (LFT), indexadas à taxa básica de juros da economia (Selic) . “Como estamos com a Selic em alta, o investidor não terá problemas, mas mesmo se ela baixar os rendimentos são muito maiores do que os da poupança (que paga hoje 0,5% ao mês, mais taxa referencial, o que soma hoje 6,80% ao ano)”, diz Samy Dana. (ZF)
Texto confeccionado por: Zulmira Furbino
Fonte: Site Contábil
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