Que o ano de 2015 será desafiadorpoucos duvidam. Do ponto de vista da política econômica, é quase consenso que será necessário um ajuste para equilibrar a questão fiscal, que vem se deteriorando nos últimos anos – de modo mais claro a partir de 2012.
Esse ajuste não será fácil e terá impacto na confiança não só de empresários, mas também de consumidores. O déficit primário consolidado – que inclui as contas da União, dos estados e dos municípios – vem registrando quedas constantes, somando resultado negativo de R$ 25,4 bilhões em setembro. A economia para pagar os juros da dívida, conhecida como superávit primário, registrou 0,61% do Produto Interno Bruto (PIB) em setembro, o pior resultado desde o início da série histórica iniciada em 2002.
E para agravar ainda mais a situação, o nível do câmbio e dos juros não animam. Enquanto o dólar beira o patamar dos R$2 ,60, maior nível dos últimos nove anos, a inflação medida pelo IPCA continua a rondar na faixa de 6,5% - limite do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. Isso levou o Comitê de Política Monetária do Banco Central a elevar a Selic – taxa básica de juros da economia - para 11,25% ao ano na sua última reunião, encarecendo a captação de recursos nas diferentes categorias de crédito para pequenas e médias empresas.
Todos esses fatores contribuem para o principal vilão de uma companhia: a não-capacidade de honrar os seus compromissos. De acordo com a Serasa Experian, a inadimplência das empresas aumentou 13,4% em setembro em comparação com o mesmo período do ano passado, sendo resultado disso o fraco desempenho da atividade econômica, além da elevação dos custos, sejam eles financeiros - como as despesas com juros - ou operacionais - aumento de salários acima do crescimento na produtividade.
A grande questão que se coloca é: o pequeno e médio empresário pode ter uma boa gestão administrativa e financeira do seu negócio, de modo a driblar os impactos macroeconômicos? Não existe uma resposta simples, mas há ações que podem ser adotadas.
Para evitar que ajustes macroeconômicos respinguem no seu negócio, é preciso que a empresa adote medidas gerenciais. Um levantamento deve ser feito e todos os custos e/ou despesas que não forem essenciais devem ser minimizadas ou até mesmo cortadas.
Manter um controle detalhado do orçamento é tarefa básica para quem deseja sair da inadimplência.
Outra medida é não tirar o olho no fluxo de caixa. A projeção do indicador é muito importante, pois mostra quanto, em dinheiro, a empresa vai ter ao longo do tempo. Com isso, o empresário pode se antecipar caso o fluxo de caixa mostre que a empresa ficará com o saldo negativo. Para evitar isso, o gestor deve renegociar os prazos de pagamentos e recebimentos ou negociar uma linha de crédito no banco que seja mais vantajosa do que o crédito especial.
No longo prazo, uma empresa só quebra se gastar mais do que recebe. Mas, no curto prazo, o maior risco é o descasamento de fluxo de caixa. Se o empresário sentir que a saúde financeira do seu negócio está se deteriorando, a primeira coisa que ele tem que fazer é ter, a todo o momento, uma projeção de fluxo de caixa diária atualizada para os próximos 30 a 60 dias.
*O economista Gabriel Gaspar é cofundador do Nibo, plataforma de gestão financeira para pequenas e médias empresas.
Fonte: Site Contábeis
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