Levantamento mostra que quase 30% dos brasileiros ficam menos de um ano e meio no trabalho. Troca-troca deve cair com novas regras.
Um levantamento mostrou que quase 30% dos brasileiros ficam menos de um ano e meio no trabalho. A maioria é de jovens, mas o troca-troca de emprego deve cair com as novas regras do seguro-desemprego.
Especialistas dizem que essa medida pode melhorar a qualificação do trabalhador, teoricamente porque o trabalhador ficaria mais tempo na empresa, já que não teria o incentivo do seguro-desemprego para deixar o trabalho.
As novas regras para a concessão do benefício atingem principalmente os jovens, porque eles costumam trocar mais rapidamente de emprego. Para conseguir o primeiro seguro, o tempo mínimo exigido de trabalho vai passar de seis meses para um ano e meio.
Eles são jovens, querem trabalhar, mas ainda não sabem direito em que profissão. Resultado: não param muito tempo em um emprego. “O primeiro emprego eu consegui ficar dois anos. Mas depois disso foram meses. Não consegui ficar mais de um ano em um emprego”, conta uma mulher.
Murilo Malusbach faz um curso na área de informática. Tem 19 anos e está no terceiro emprego. “Eu principalmente gosto de ser desafiado durante o trabalho. Então, qualquer coisa que fica monótona demais, eu já perco a vontade de trabalhar, já procuro fazer outra coisa”, diz o estudante análise de sistemas.
E são exatamente os trabalhadores jovens que devem ser os mais atingidos pela mudança na regra do seguro-desemprego. A partir de março, para ter direito a receber o benefício pela primeira vez, o desempregado vai ter que comprovar que passou pelo menos um ano e meio trabalhando. Hoje, bastam seis meses.
Só vai receber o seguro-desemprego pela segunda vez, quem tiver permanecido no trabalho por pelo menos um ano. Se a nova regra já estivesse em vigor em 2014, 26% dos desempregados teriam ficado sem o benefício, de acordo com o Ministério do Trabalho.
“Nós temos uma rotatividade muito alta que implica no aumento muito grande do pagamento do seguro-desemprego. O que nós temos é criar uma cultura de que é fundamental a permanência no emprego e aí entra a participação também do empregador”, explica o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
Thaís Vinagre espera que a mudança nas regras estimule os funcionários a permanecerem mais tempo no trabalho. Ela abriu um pequeno restaurante de comida japonesa ano passado e diz que, às vezes, pouco tempo depois de treinar o empregado, ele pede demissão ou simplesmente deixa de aparecer. “Acaba que sobra, acarreta tudo para o dono. O dono além de ter que resolver todos os problemas ainda tem que fazer o papel do funcionário na loja”, reclama a empresária.
Um professor de economia da Universidade de Brasília afirma que as mudanças no seguro-desemprego podem ajudar, mas não vão acabar com a alta rotatividade no emprego. Acha que é preciso mudar o ensino médio, para aproximar os jovens do mercado de trabalho e também que os empresários devem oferecer melhores condições de trabalho, com possibilidade de crescimento dentro da empresa.
“Se você dar perspectiva de crescimento profissional no posto de trabalho dificilmente alguém vai ‘rotar’ neste posto de trabalho só para ter acesso ao seguro-desemprego”, explica.
Para um outro professor as mudanças são bem vindas: “o seguro desemprego é um sistema que vem para resolver ou atenuar uma situação de dificuldade. Isso não pode ser um sistema que você utiliza de maneira rotineira. Ele vem para permitir que o indivíduo rapidamente encontre outra alternativa de trabalho”, diz o economista José Matias Pereira.
A nova regra entre em vigor em março, mas para passar a valer em definitivo, tem que ser aprovada pelo Congresso.
Fonte: G1
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