A maioria dos brasileiros desconhece as regras da aposentadoria e se diz alheia ao debate em torno da reforma da Previdência, mas reconhece que deverá se aposentar mais tarde do que gostaria. É o que mostra pesquisa divulgada nesta terça-feira (23) pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), em parceria com o instituto Ipsos.
Segundo o levantamento, para a população o homem deveria ter direito a se aposentar aos 58 anos, em média, e a mulher aos 53 anos, em média. A maior parcela dos entrevistados (42%) defende que os homens deveriam se aposentar aos 60 anos. Com relação às mulheres, 58% disseram que a idade deveria ser menos de 55 anos.
Já quando questionados sobre quando acreditam que efetivamente vão se aposentar, a idade média sobe para 64 anos, em média, para homens, e 58 anos para mulheres.
“Há uma contradição entre desejo e realidade, e as pessoas estão começando a tomar consciência disso”, afirma Edson Franco, presidente da FenaPrevi. “Hoje, na média, o brasileiro se aposenta com 54 anos de idade, o que é uma idade extremamente baixa comparada com qualquer com qualquer métrica internacional”, acrecenta, destacando que na grande maioria dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a idade mínima já convergiu para 65 anos e se discute, inclusive, uma elevação para 67 anos.
A pesquisa ouviu 1.500 entrevistados com mais de 23 anos em todas as regiões do país, entre os dias 21 de julho e 4 de agosto.
Idade mínima
Com relação a criação de regra estabelecendo idade mínima para aposentadoria, os resultados da pesquisa são um pouco contraditórios, pois apontam que a população concorda desde que as novas regras não impliquem em aposentar mais tarde.
Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados responderam que é necessário fixar uma idade mínima para a aposentadoria, já que as pessoas estão vivendo mais tempo. Por outro lado, 76% disseram discordar que é necessário que elas se aposentem mais tarde.
“Concordam [com a idade mínima] se for aquela que eles imaginam ou se não aplicar a eles. Concordam desde que seja para os outros”, resume o presidente da FenaPrevi.
Caso a idade mínima seja de fato estabelecida, para 64% dos entrevistados ela deveria ser igual para homens e mulheres.
A equipe econômica do governo Michel Temer já informou que pretende promover uma reforma na Previdência Social. Entre os pontos em discussão pelo presidente em exercício está a definição de uma idade mínima de aposentadoria.
Pesquisa CNI/Ibope divulgada em maio mostrou que 65% dos entrevistados concordam com o estabelecimento de uma idade mínima.
A FenaPrevi defende que a idade mínima de aposentadoria seja elevada para uma faixa entre 65 anos e 67 anos, com regras de alcance e transição.
Alcance da reforma
Quanto ao alcance das novas regras, também não há consenso. Para 28% dos entrevistados, a reforma deveria atingir apenas quem ainda não contribuiu para a Previdência. Outros 24% defendem que as mudanças devem atingir a todos que já contribuem, mas não se aposentaram ainda. Já para 16%, a reforma deveria atingir os trabalhadores que ainda precisam contribuir por mais 15 anos ou mais. Outros 10% disseram que as regras devem ser mantidas e o dinheiro vir de impostos, e 21% não souberam responder.
Ainda segundo o estudo, 68% rejeitam a ideia de aumentar as impostos para manter as atuais regras de aposentadoria.
A maioria (69%) defende, porém, que as regras de aposentadoria, como tempo de contribuição e valor máximo, sejam iguais para todos. Cerca de 70% dos brasileiros se dizem contrários a aposentadorias especiais para categorias específicas e 83% disseram que os servidores públicos deveriam estar sujeitos às mesmas regras.
Falta de conhecimento e preocupações
Apesar de todo o debate político em torno da reforma da Previdência, 44% dos brasileiros afirmam não ter conhecimento da discussão sobre o assunto, segundo a pesquisa. Do total de entrevistados, 54% disseram ter ouvido falar de mudanças nas regras de aposentadoria, e outros 2% não souberam responder.
Para 62% da população, uma eventual reforma da Previdência irá dificultar o pedido de aposentadoria e 57% acreditam que eventuais mudanças irão diminuir os direitos dos trabalhadores.
A incerteza sobre o futuro da Previdência tem aumentado a procura por aposentadoria antecipada.
Para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro, a FenaPrevi defende não somente elevar a idade mínima como também revisar o modelo de concessão de pensões e a desvinculação da correção do benefício ao salário mínimo, além da criação de um sistema de capitalização complementar obrigatória em contas individualizadas cuja administração e risco sejam da iniciativa privada – modelo semelhante ao adotado no Chile.
“A conta não fechará se não houver uma reforma previdenciária. No ritmo atual, até 2050, passaremos de cerca de 27 milhões de beneficiários para 60, 70 milhões de beneficiários”, alerta Franco.
Fonte: Jornal Contábil
Nenhum comentário:
Postar um comentário