terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Não basta querer crescer, é preciso também planejar

Na Redalgo, empresa que desenvolve jogos pedagógicos, não é só a confraternização de fim de ano que mobiliza a equipe. A elaboração do planejamento anual também faz o grupo, formado por três funcionários, se reunir em dezembro em torno de um mesmo objetivo: impulsionar os negócios no ano seguinte.

Criada em 2007, a pequena empresa sofreu neste ano os efeitos de um planejamento malsucedido em 2011. De acordo com o empresário Diogo Beltran, 35, o projeto falhou ao prever apenas o crescimento de vendas, deixando de lado gastos com marketing e estratégia.

"Poderia ter colocado os produtos em vários mercados. Não custava nada traduzir os jogos para o espanhol e exportá-los. Teria crescido mais", afirma.

Para o próximo ano, tudo já está organizado. O planejamento -finalizado no início do mês em parceria com uma consultoria- contempla vendas para todos os países da América Latina e a abertura de dois escritórios no exterior: no México e no Canadá.

"O empresário precisa ter humildade para modificar seu planejamento sempre que necessário", diz o empresário, que passou a fazer reuniões semestrais com a equipe para avaliar os próximos passos do negócio.

Como Beltran, micro, pequenos e médios empresários devem redobrar as atenções na hora de realizar o planejamento anual. Na avaliação de Bruno Caetano, diretor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), um bom projeto não só reduz a mortalidade do negócio como facilita seu crescimento.

De acordo com a entidade, a cada 10 micro e pequenas empresas que abrem as portas no país, 7 conseguem sobreviver aos dois primeiros anos de atividade.

A falta de planejamento, afirma Caetano, é a principal justificativa do índice.

"O maior erro dos empresários é achar que uma boa ideia é suficiente para fazer a companhia crescer. E muitos só enxergam isso quando a empresa fecha as portas."

Previsão do Futuro

Prever o próximo ano é importante para que o empresário trace cenários favoráveis e negativos para o negócio, argumenta Marcio Iavelberg, dono da Blue Numbers, consultoria especializada em pequenas e médias empresas.

"Com o planejamento em mãos, fica mais fácil contornar os imprevistos sem prejudicar o faturamento da companhia", diz.

Para evitar "sustos", Ricardo Brito, 27, diretor comercial da Pimpolho Calçados, faz a projeção orçamentária com valores estourados para cima e para baixo. Assim, está pronto para qualquer variação econômica e cambial.

"Já reservei verba para campanhas publicitárias que não foram necessárias e desviamos o recurso para outros setores", diz Brito, que fechou o planejamento anual da empresa há duas semanas.

'Discutir a relação' ajuda a traçar projeto

Empresário deve fazer uma análise da empresa, em itens como gastos, objetivos, faturamento e número de clientes

Planos para o ano novo devem ser continuação do planejamento estratégico elaborado na criação do negócio

Colaboração para a Folha

Antes de elaborarem o planejamento anual, os micro, pequenos e médios empresários devem fazer uma análise do próprio negócio. Nela, devem ser avaliados gastos, faturamento, número de clientes e objetivos da empresa. O ideal é colocar tudo no papel.

"O melhor planejamento é o que se adapta à realidade do empresário", aconselha Bruno Caetano, diretor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

De acordo com o especialista, além do balanço de 2012, o empreendedor deve prever como estará o setor em 2013, avaliar os concorrentes e estabelecer metas adequadas a essa realidade.

"Há vários tipos de planejamento: estratégico, orçamentário, comercial, mercadológico, de gestão de pessoas e de produção", detalha Caetano.

A empresária Adriane Zagari, 35, faz um projeto para cada um dos cinco setores da HZ Eventos e Casting: recursos humanos, casting, compras, financeiro e comercial. "Cada gestor fica responsável por traçar os planos do seu segmento", afirma ela.

O planejamento anual, destaca Ricardo Teixeira, sócio da área de consultoria da Deloitte, deve ser uma atualização do planejamento estratégico -o que detalha o perfil de empresa, seus objetivos a longo prazo e geralmente é criado quando a empresa é lançada no mercado.

"O maior desafio dos empresários é dizer não para propostas que fujam dos planos da companhia", destaca.

No planejamento estratégico da Canadá Turismo, operadora turística, está definido o foco do negócio: vender viagens para as classes A e B.

De acordo com o proprietário Fabiano de Camargo, 33, a empresa tentou seguir outros rumos, mas desistiu.

"A desaceleração da economia fez com voltássemos a focar nos que têm maior renda familiar", afirma ele.

Texto confeccionado por: Patrícia Basílio

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