Ter a gestão financeira dividida em duas ou mais contas bancárias já não parece mais ser um bom negócio para as pequenas e médias empresas. Melhor é concentrar os negócios em uma só e de preferência que seja de uma instituição sólida, completa em serviços. Essas são algumas das características apontadas pelo Instituto Fractal, em estudo que tratou do comportamento de pequenas e médias empresas com relação aos bancos e que colheu opiniões de 4.510 entrevistados, de empresas com faturamento de até R$ 10 milhões.
De acordo com o estudo, o número médio de contas bancárias das empresas, que em 2010 era de 1,62 e no ano seguinte passou para 1,52, em 2012 caiu para 1,48. "É uma redução razoável, porque as empresas estão quase chegando a ter um banco só. Elas pagaram um conjunto de tarifas muito grande e não é mais possível manter aquele nível de gastos", avalia o presidente do instituto, Celso Grisi.
Além disso, a concentração média dos negócios em apenas uma conta teve um crescimento de 3,2 pontos percentuais nos últimos três anos, partindo de 62,4% em 2010 para 63,7% em 2011, e chegando a 65,6% no ano passado.
Com um faturamento mensal de, aproximadamente, R$ 700 mil por mês, a JBC Melhoramentos é um exemplo da tendência apresentada no estudo. De acordo com a gerente financeira, Lucila Alcobia, a empresa chegou a ter três contas bancárias, mas há pouco mais de quatro anos concentrou todas as suas operações financeiras em apenas uma instituição. "Principalmente por causa das taxas. Chegamos a um parecer de que centralizando se tem melhores condições de negociação", afirma Lucila.
A opção da conta única foi por um banco público e, de acordo com a gerente, levou em consideração não apenas taxas mais baixas, mas também a solidez da instituição.
Esse fator, de acordo com a pesquisa da Fractal, é o segundo mais importante para as empresas, com índice de 75,3%, no que diz respeito à imagem do banco ideal. O ponto que aparece no estudo com a nota mais alta é "ampla rede de agências", com 79,2%. Já em terceiro lugar está "banco completo", ou seja, que ofereça o maior número de serviços possível, com 46,5%.
De acordo com Grisi estes e outros elementos apontados na pesquisa fazem mais parte de um ideal dos empresários e destaca outra parte do estudo que está diretamente ligada à forma como as pequenas e médias empresas enxergam o posicionamento da indústria financeira.
Para vários fatores, as notas atribuídas demonstram uma certa insatisfação dos empresários. No primeiro item, "banco de relacionamento", a média em 2011 era de 28,2, mas no ano passado caiu para 24,5. O fator "banco para pequenas e médias empresas" teve sua nota reduzida de 28,9 para 23 no mesmo período, enquanto que "banco para operações de crédito" teve decréscimo de 19,9 para 17,3.
A gerente financeira da JBC Melhoramentos atesta que os bancos ainda deixam a desejar quando se trata de disponibilizar um atendimento mais próximo às necessidades de uma empresa desse porte. "A gente precisa de muita agilidade nos processos. Em alguns bancos até existem sistemas mais rápidos, onde é tudo on-line, mas as taxas e serviços são mais caros".
Crédito
Com relação a crédito ela expõe outra equação difícil para o empresariado resolver: em bancos particulares o acesso ao crédito é mais fácil, mas o custo é grande, já nos públicos as taxas podem até ser mais interessantes, mas além do rigor ser maior o montante disponível nem sempre é o ideal para a empresa. "O Brasil é o País da taxa exorbitante e acredito que os bancos estão dando mais prioridade para pessoas físicas", avalia.
Na opinião de Grisi o cenário mostrado na pesquisa cria um ambiente interessante para instituições que estejam dispostas a atuar junto a esse público. "Há uma insatisfação generalizada atribuída aos bancos, que não querem correr riscos. Isso abre um espaço para bancos que querem crescer e que poderiam atuar de forma especializada com pequenas e médias empresas, financiando com prazos e taxas interessantes", declara Grisi.
Texto confeccionado por: João Fortes
Fonte: Site Contábil
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