Valor pago ao trabalhador chega a 32,4% do faturamento da empresa, sem contar outros benefícios que pesam na folha de pagamento
Nos últimos anos os empresários brasileiros têm feito o possível e o impossível para que suas empresas sejam competitivas no mercado interno e externo. Houve melhora, é claro, mas a questão trabalhista ainda é um peso para as empresas.
O Brasil tem a mão de obra mais cara frente aos principais países concorrentes. E esse dinheiro não fica, efetivamente, com o trabalhador. O custo do trabalhador chega a 32,4% do faturamento da empresa, isso sem contar outros benefícios que pesam na folha de pagamento. Segundo dados apontados pelo Departamento de Estatística do Trabalho dos Estados Unidos, os países europeus têm um custo médio de mão de obra de 25%. Já os concorrentes comerciais internacionais do Brasil, como Taiwan tem um custo de 14,7%; Argentina 17% e México 27%.
Para o contador Jaime Junior Silva Cardozo, vice-presidente do Sescap Londrina, o custo de manutenção de um empregado sempre foi motivo de longas discussões e debates entre empresários e contadores no Brasil e gerou diversos questionamentos sobre o efetivo custo para se manter um empregado na empresa. "A complexa legislação trabalhista e as obrigações sociais, entre elas a Previdência Social e FGTS, sem duvida nenhuma são determinantes na avaliação do pesado custo imposto aos empregadores, no entanto, existem outros detalhes que também contribuem para o aumento deste custo", afirma.
Segundo um estudo realizado pelo Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) o custo do trabalhador, em média, pode chegar a 183% - o salário que ele recebe da empresa, no caso de vínculo de 12 meses de duração do contrato. Conforme o estudo um trabalhador com salário mensal bruto de R$ 730, teria um custo para a empresa de R$ 2.067,44. Ainda, segundo o levantamento, o valor final não deriva apenas de encargos, mas de um conjunto de obrigações acessórias, benefícios negociados, burocracia e até da gestão do trabalho.
No total, a pesquisa contemplou 34 componentes, entre eles o décimo terceiro salário, adicional de férias, vale-transporte, INSS do empregador, administração de pessoal, licença maternidade e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Estes altos custos com a mão de obra nacional revelam outra faceta na economia brasileira. Segundo o delegado da Regional da Receita Federal de Londrina, Luiz Fernando da Silva Costa, são muitos os casos de autuação de empresas por sonegação, nessa "esfera trabalhista o caso mais comum é o de contratante que registra um funcionário por um salário mais baixo e paga a diferença por fora, isso acaba causando um prejuízo para o trabalhador no que se refere aos encargos da previdência, como na futura aposentadoria, ou para as mulheres quando necessitam de um auxílio maternidade, por exemplo, pois eles serão calculados com base no salário de registro em carteira", revela o delegado.
"Esse engessamento das relações trabalhistas reflete na economia. O custo da mão de obra impacta fortemente no custo do produto ou serviço. Os preços ficam mais altos e as empresas tornam-se menos competitivas em relação aos demais países que competem com o Brasil", diz o presidente do Sescap, Marcelo Odetto Esquiante. Segundo ele, se a presidente Dilma Rousseff realmente quiser que o Brasil tenha um "Pibão" – PIB Produto Interno Bruto - nos próximos anos, vai ter que reestudar as relações trabalhistas no País. "Sem a flexibilização das relações trabalhistas, é muito difícil competir com os demais países", reforça Esquiante.
Fonte: Sescap-Ldr - Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias e Contabilidade de Londrina/ Folha de Londrina
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