Se em tempos de economia aquecida, construtoras e empresas de varejo demandam a contratação de engenheiros e vendedores a ponto de faltar profissionais, em época de economia desacelerando e corte de custos, são os profissionais de finanças e contabilidade que entram em campo. É nesse momento que as empresas precisam realizar ajustes, reestruturações e até mesmo demissões, o que implica na necessidade de mão-de-obra especializada.
Pesquisa mundial realizada no fim de setembro pela consultoria Robert Half com mais de dois mil CFOs, sigla para Chief Financial Officer, de 14 países, mostra que os executivos brasileiros são os mais otimistas em relação ao aumento de suas equipes de finanças e contabilidade. Do total de brasileiros entrevistados, 62% dos diretores financeiros responderam que pretendem criar novas vagas nas áreas financeira e contábil. Na média global, apenas 37% confirmaram a abertura de posições.
Fábio Saad, gerente sênior da divisão de Finanças da Robert Half, explica que analisando o histórico da pesquisa foi possível constatar que nos últimos três anos o Brasil investiu muito em expansão de mercado e viu vagas crescerem nas áreas de vendas, marketing e engenharia. Atualmente, com uma freada na economia, as companhias estão olhando para dentro de casa. “Isso acaba sendo cíclico, esse efeito expande e arruma. Momentos em que as empresas estão olhando mais para rentabilidade financeira e menos para expansão”, diz o especialista.
Marcelo Lico, sócio-diretor da Crowe Horwath Brasil, empresa que ocupa o nono lugar no ranking mundial das maiores empresas de auditoria, explica que a demanda por profissionais de contabilidade e finanças também está relacionada à mudança de perfil das empresas brasileiras. “O Brasil viveu mudanças radicais na área de contabilidade nos últimos cinco anos. Por outro lado, muitas empresas foram para o mercado de capitais exigindo a contratação de profissionais dessas áreas.”
Turn Over
A pesquisa também identificou que o Brasil ocupa o primeiro lugar do ranking de preocupação com a perda de profissionais para outras empresas. Metade dos CEOs do País estão muito preocupados e 45% disseram estar preocupados em perder seus talentos para o mercado. Para 56% das companhias brasileiras ainda é muito desafiador encontrar profissionais qualificados. “A oferta desses perfis é menor que a demanda e, por isso, é difícil encontrar colaboradores com competências específicas, como fluência em inglês”, afirma Fernando Mantovani, diretor da Robert Half.
Segundo o levantamento, as empresas não buscam apenas qualidades técnicas, mas também habilidades comportamentais como boa comunicação, trabalho em equipe e perfil de liderança. Lico explica que ainda existe dificuldade de encontrar profissionais que tenham esse perfil, por isso o alto índice de rotatividade.
Texto confeccionado por: Luiz Gustavo
Fonte: Site Contábil
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