terça-feira, 15 de outubro de 2013

Qual o segredo das empresas duráveis?

Planejamento e definição da razão de existência são alguns dos fatores que podem prolongar a vida do seu negócio.

Vagner Miranda, administradores.com.br, 

São muitas as histórias de empreendedores que contam como tudo aconteceu e revelam se o negócio foi iniciado por oportunidade ou necessidade. O fato em comum é que o sucesso foi alcançado independentemente do motivo pelo qual foi iniciado.

Muitos desses casos acabam contradizendo quem entende que para dar certo, um negócio deve nascer de forma estruturada, pensada, planejada, projetada, que é essencial gostar do que se faz e tantas outras coisas.

Independentemente do motivo pelo qual as empresas foram iniciadas, é recomendável definir o quanto antes se seus proprietários visam apenas suprir suas necessidades pessoais através da empresa ou se há um objetivo maior que considera a busca da perpetuação do negócio. Essa definição com certeza é uma das mais importantes que uma pessoa deve fazer durante sua trajetória como empresário. E quanto antes, melhor.

A partir dela, várias decisões de caráter estratégico poderão ser tomadas levando-a em consideração. E quanto mais cedo melhor, pois isso criará as condições ideais para que os planos e ações da empresa sejam executados dentro dos parâmetros criados a partir da definição.

Pesquisas revelam que em média a duração das empresas brasileiras é de 37 anos. Este número é baixo por tratar-se exatamente de entidades que por natureza nascem sem prazo para terminar. O dado em si não permite saber quais foram encerradas conforme os planos do dono ou pelas dificuldades de se manter no mercado.

Mesmo com a limitação da informação, muitas das que tinham planos para durar não alcançaram o objetivo, pela dificuldade e demora do proprietário na definição sobre a finalidade da empresa sob seu comando, o que impediu que algumas decisões sobre assuntos vitais para a empresa fossem tomadas na hora certa ou levou a erros irreversíveis devido às decisões não terem aderência com o real objetivo da empresa.

Nas organizações em que há uma clara definição e compreensão do motivo da existência delas, mesmo que o conhecimento desta razão fique restrito ao dono, o ambiente se torna mais favorável ao funcionamento de um processo de tomada de decisão e até de um modelo de gestão que elimina naturalmente alternativas conflitantes com os objetivos, o que otimiza o tempo necessário nas decisões, possibilita o uso da transparência em todos os níveis operacionais e minimiza o risco de escolhas erradas.

Em algum momento a empresa vai ter que lidar com questões de natureza estratégica comuns a todas as outras empresas. As que lidam melhor com elas são aquelas cujos proprietários já definiram o que esperam do negócio. Veja algumas dessas questões cruciais:

Natureza Jurídica (S/A aberta, S/A fechada, Ltda, Individual, outras) - O tipo vigente determina as possíveis fontes de financiamento, a divisão do poder dentro da empresa, a quem a responsabilidade sobre as obrigações contraídas em nome da empresa deve ser atribuída e quem pode ser remunerado através da distribuição de resultados.


Composição do quadro societário - Acrescentar outras pessoas no quadro societário da empresa pode significar uma mudança na relação com colaboradores-chave, buscando obter um novo tipo de envolvimento e comprometimento deles em troca de uma remuneração mais justa.

Fontes de financiamento - Além do próprio caixa da empresa, o número de possibilidade de fontes de financiamento pode ser ampliado pela adequação da natureza jurídica e composição do quadro societário, criando a possibilidade de obtenção de recursos a um custo financeiro menor que os das linhas de créditos oferecidas pelos bancos.

Distribuição de resultados - Isso pode significar uma injeção de ânimo nos colaboradores-chave com um custo tributário muito inferior que o decorrente do pagamento de autos salários. A decisão de reter os talentos e também atrair novos passa pela implantação de um sistema em que todos confiam e consideram justo  deve estar alinhada com o planejamento estratégico da empresa que se estende no longo prazo.

Política de recursos humanos - A implantação de mecanismos que visam melhorar a relação da empresa com seus colaboradores é um investimento que traz retorno e faz sentido se estiver atrelado com o planejamento estratégico da empresa que se estende no longo prazo. A decisão de atrair para a empresa profissionais experientes do mercado visando aumentar o nível de competitividade decorre da expectativa dela ficar durante muito tempo no mercado.

Decisão de investimentos voltados para o crescimento - O investimento em pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos, ampliação das instalações, máquinas novas e tecnologia de ponta só faz sentido quando o negócio justifica a realização e se busca a perpetuação da empresa.

Essas questões não estão relacionadas diretamente ao negócio explorado pela empresa, mas se não forem devidamente tratadas no momento certo e não guardarem relação com os anseios dos proprietários podem interferir diretamente no alcance do sucesso.

Em suma, uma empresa pode ter data para terminar e existir para atender primeiramente as necessidades pessoais do seu proprietário, mas é preciso que exista transparência, que esses parâmetros direcionem os planos e decisões para que todos os outros interessados saibam que estão diante de um empresa que não foi feita para durar.

Vagner Miranda Rocha é administrador de empresas e sócio da VSW Soluções Empresariais.

Fonte: Site Contábil

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