sábado, 26 de fevereiro de 2011

Poemas de Carlos Robert Keis "Ô Chefe 45"



Alma de luz banhada intensamente,

Boiando a flor das águas do destino,

O velho poeta é quase um inocente

Na ingenuidade eterna de menino.

E, novo Homero ancião, cego e divino,

Tange as cordas da lira e a toda gente

Leva o clamor de um canto peregrino

- Velha cigarra sempre adolescente -

Na sucessão de albores e negrumes,

De sombras e auroras boreais,

Seu coração é um frasco de perfumes,

Sempre aberto a espalhar na imensidade

Os aromas eternos, imortais,

- Velho incensório azul da Humanidade -


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Os meus poemas têm ruídos de estertores,

Ritos e contorções, espasmos de agonia,

Algo de sepulcral sobre a fisionomia

Na entranha lividez dos últimos palores...

São câmaras de morte enfeitadas de flores,

Vésperas de velório, esboços de elegia;

Cantos de pôr-do-sol, nênias de fim do dia,

Na cristalização total das grandes dores...

Catástrofes de fim, pânico e desespero

- Muita coisa de Dante e um pouquinho de Homero.

Últimos quadros da alma atormentada e exangue.

Mas, se em meus versos há ressaibos da cicuta

Que me dão a beber ao término da luta,

É que sinto o torpor da morte no meu sangue.

AUTOR: Carlos Chaves – Ó Chefe 45!

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