quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Bom momento do Brasil encoraja novos negócios

Aumenta a cada dia o número de pequenas empresas e de Empreendedores Individuais (EI) no País. Impulsionados por uma onda de otimismo, que embute economia, juros estáveis, vantagens fiscais e benefícios previdenciários, os informais se legalizam

Gilvânia Banker

ANTONIO PAZ/JC

Berenice optou pela formalização e hoje é dona da loja Bolinhos da BereUma pitada de tradição familiar, uma boa dose de entusiasmo e uma medida avantajada de amor e persistência misturada com esforço e dedicação. Essa é a receita do sucesso dos Bolinhos da Bere. A ex-professora de pré-escola, formada em Educação Física, jamais imaginou que um dia seria proprietária de uma loja e que venderia os pequenos bolos que eram feitos para agradar o filho Gabriel. A empreendedora individual Berenice Löff agarrou com as duas mãos a oportunidade que a vida lhe trouxe.

Hoje, nos quatro sabores naturais de chocolate, iogurte, cenoura e laranja, recheados, com ou sem cobertura, as guloseimas começaram a fazer sucesso com a garotada do colégio de Gabriel, 15 anos, somente na versão chocolate. Com apenas seis anos de idade, ele gostava de levar para escola os cupcakes comprados em uma confeitaria em Florianópolis, cidade em que morava na época. “Nem sempre encontrávamos o doce para vender, então, eu mesma comecei a fazer em casa”, conta Berenice.

Eles mudaram em seguida para Curitiba e, na nova cidade da família Löff, a prática do lanche de Gabriel continuava. Até que, certa vez, a diretora da escola contou à mãe do aluno que os seus bolinhos “valiam ouro” na instituição. O garoto os trocava pela merenda que quisesse na escola, o que acabou virando a sua moeda de troca. Foi aí que Berenice percebeu que ela levava jeito para a coisa e que tinha em casa o maior divulgador do seu trabalho. Incentivada pelo pequeno Gabriel, ela participou de todas as feiras do colégio e nunca mais conseguiu parar de fabricar sua receita.

O nome inicial do seu empreendimento era Cupcake by Bere, mas mudou para Bolinhos da Bere, em função da dificuldade linguística entre as crianças que acostumaram a chamar de “os bolinhos da mãe do Gabi”. De volta a Porto Alegre, ela começou a vender sua novidade de casa em casa, em praças e em escolas. O sucesso foi tanto que ela tomou consciência de que era a hora de investir. Hoje, com uma loja montada na rua Dr. Barcelos, zona Sul da Capital, Berenice vende, de segunda a quinta-feira, uma média de 50 a 200 quitutes por dia. Nos finais de semana, o número sobe para 800 ao dia, devido às encomendas. A empresária chega a trabalhar 48 horas ininterruptas. “Penso em fechar as portas todos os dias, mas então eu vou para casa, durmo e venho para a loja no outro dia, feliz”, conta. “Faço o que eu gosto.”

Se o retorno financeiro não fosse bom, Berenice já teria encontrado um emprego com carteira assinada e estaria curtindo mais a família e os amigos. “O sucesso do meu negócio também me preenche. É muito legal porque foi uma conquista”, declara.

Conseguir se enquadrar no EI foi a saída para empresária, que gastou todas as suas economias na montagem da loja. “Eu não fiz um plano de negócio no início e fiquei sem dinheiro para abrir o empreendimento”, conta. Hoje, com a ajuda da família, ela tem as contas organizadas e faz, diariamente, o fluxo de caixa. Além de ter aperfeiçoado as receitas da família, ela também aprendeu a se organizar e a planejar o seu estabelecimento.

Lei favorece a abertura de empresas

O Brasil registra hoje mais de três milhões de Empreendedores Individuais (EI), após três anos da vigência da Lei Complementar nº 128. A nova faixa que classifica os empresários que faturam até R$ 60 mil por ano e que possuam, no máximo, um empregado, tem um enquadramento tributário especial. Os profissionais que aderirem ao EI têm alíquotas mínimas para as contribuições sociais.

O custo máximo da formalização é de R$ 33,25 por mês, dependendo da atividade profissional. O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 31,10 (INSS), R$ 5,00 (prestadores de serviço) e R$ 1,00 (comércio e indústria) por meio de carnê emitido exclusivamente no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). Dessa forma, recebe um CNPJ e pode imprimir nota fiscal, o que possibilita a abertura de conta em banco e acesso a créditos com juros mais baixos, além da cobertura da Previdência Social.

Professor de inglês há 20 anos, Mark Brendahl resolveu se formalizar há dois anos graças à orientação de um de seus alunos, que é contador. “Eu emitia recibos simples e perdia clientes por não poder dar nota fiscal”, conta. A possibilidade de expansão foi o que fez o professor se tornar um empreendedor. Hoje, ele consegue ministrar seus cursos em diversas empresas e se orgulha por ter um CNPJ.

Rio Grande do Sul é destaque na nova categoria empresarial

O Rio Grande do Sul conta hoje com 150 mil Empreendedores Individuais (EI) graças à lei que criou a nova categoria empresarial, de acordo com dados do Sebrae/RS. A estimativa da gerente de empreendedorismo e inovação da entidade, Viviane Ferran, é de que o dobro desse montante ainda esteja na informalidade. Apesar disso, mesmo que o número de formais seja considerado bom para o Rio Grande do Sul, grande parte é formada por pessoas que já estavam trabalhando no negócio e, graças aos benefícios atrelados à lei, forçaram-se à legalização. “Ainda existem muitas dificuldades e muitos aspectos a melhorar”, opina. Viviane conta que o Sebrae/RS vem investindo na capacitação desse público e acredita que muitos entraram no EI por falta de oportunidade de emprego.

Mas essa não é uma verdade absoluta, pois a nova geração está fazendo exatamente o caminho inverso. Confiante e com uma ideia na cabeça, o jovem empresário tem demostrado que não tem tempo a perder e não quer esperar dez anos por uma promoção dentro de uma companhia. “Se surgir uma oportunidade de negócio, eles largarão a carteira assinada”, comenta a gerente, que aposta nesse público jovem para as mudanças no cenário empreendedor do País. Recentemente, ela fez uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, e percebeu que sucesso lá é ter uma startup, que consiste em um negócio com alta escala de rentabilidade, com base tecnológica e virtual, como a Google, por exemplo.

Um dos jovens ícones deste novo modelo de empreendedor digital é a brasileira Bel Pesce, que possui uma empresa no Vale do Silício. A garota paulista, com apenas 24 anos de idade, é uma das fortes candidatas a se tornar umas das mais jovens milionárias, tal qual Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Ela é uma das fundadoras da Lemon, empresa de aplicativos para celulares.

Internet se transformou em uma forte aliada

As redes de comunicações virtuais são um terreno fértil para o empreendedorismo. Não é para menos, de acordo com dados da Netcraft, empresa de serviços de internet sediada na Inglaterra, existem mais de 645 milhões de sites ativos no mundo. No Brasil, a internet está presente na vida de 82,4 milhões de pessoas, dados registrados no primeiro trimestre de 2012, segundo o Ibope. Isso significa dizer que 43% dos brasileiros estão conectados. As redes sociais, como o Facebook, também são atrativos para os negócios.

De acordo com o estudo, a média de tempo de conexão é de oito horas por mês, mais do que a média mundial, de 6,3 horas mensais. Com 54 milhões de internautas registrados, o Brasil é a segunda maior base de usuários da companhia, atrás apenas dos Estados Unidos.

Novas oportunidades estão no foco das gerações Y e Z

Um jovem com idade de 21 anos em meados do século passado acreditava que sucesso era fazer carreira em uma grande empresa, uma multinacional ou se tornar um funcionário público a fim de conquistar a tão sonhada estabilidade na vida. Mas a impetuosidade das gerações Y (nascidos após 1980) e Z (nascidos após 1990), mudou esse cenário.

Determinada, decidida e já experiente no ramo de gerenciamento e consultoria de empresas, a estudante Luisa Padilha, de apenas 21 anos, é a presidente da Empresa JR ESPM, vinculada ao curso de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Ela e mais 23 jovens trabalham atualmente em cinco projetos empresariais. A companhia atende a clientes e alunos interessados em montar um negócio. Eles elaboram projetos, prestam serviços de consultoria e marketing nas áreas de planejamento e pesquisa. “É uma empresa júnior sem fins lucrativos, mas possui a constituição de uma empresa real, com diretorias e presidente”, conta. Embora o objetivo não seja o lucro e sim o aprendizado, os trabalhos solicitados custam em média de 40% abaixo do mercado, valor que, segundo ela, é totalmente reinvestido na empresa para o aperfeiçoamento dos seus componentes.

Luisa conta que, em 2012, a demanda de trabalho foi historicamente maior do que os anos anteriores e atribui o crescimento à estabilidade econômica do País. “O empreendedorismo está em voga por existir mais oportunidades, elas estão ao nosso alcance e o jovem tem a capacidade de enxergar as coisas com outros olhos, tanto para as coisas que já existem quanto para as novas”, acredita. A internet é uma facilitadora, acredita Luisa, e muitas adaptações podem ser feitas, com ideias que já existem em outros países e que podem ser viabilizadas no Brasil. Hoje, comenta a estudante, existem mais técnicas, novas ferramentas, startups e um novo pensamento. “As pessoas estão abrindo a cabeça”, salienta a estudante empolgada com as possibilidades de novas metodologias e formas mais ágeis de negócios que, segundo ela, não exige tanto investimento.

O futuro para a jovem empresária que está cursando o 8º semestre de Administração é, sem dúvida, constituir uma empresa. Mas, como boa representante da geração Y, que possui como característica o interesse por diversas coisas, ela também não quer abrir mão do lado executivo e seguir trabalhando em consultoria. “Essa experiência dá o gostinho do que quero fazer depois”.

Brasil é o terceiro país em número de empreendedores

Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que o brasileiro é arrojado, os números deixam claro. Somam-se hoje 27 milhões de pessoas envolvidas em processo de criação de um negócio próprio. O País está em terceiro lugar no ranking de 54 países analisados pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2011 (GEM). O estudo é anual e é fruto de uma parceria entre o Sebrae e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).

“O País mudou muito nos últimos anos: cresceram a renda e o nível de emprego. Por isso, hoje temos empresários mais qualificados, que buscam no próprio negócio a oportunidade para se desenvolver”, diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ele ressalta ainda a forte presença feminina de jovens e o grau de instrução, que também aumentou.

Dos 27 milhões de empreendedores existentes no País, 85% estão no mercado há mais de três meses. Desses, 12 milhões, o equivalente a 45%, estão estabelecidos em seus segmentos de atuação, ou seja, operam no mercado há mais de 42 meses. Outros 11 milhões, 40% do total, são classificados como novos empreendimentos por funcionarem há mais de três meses e menos de 42 meses.

A estimativa é de que, para cada empresa aberta por motivo de desemprego, 2,24 começam por identificarem uma oportunidade. O número é o maior desde que a pesquisa GEM começou a ser realizada, em 1999, mas ainda é inferior à média dos 54 países, que é de 4,35 negócios por oportunidade para cada um aberto por necessidade.

No Brasil, a proporção de mulheres à frente de novos empreendimentos, com até 42 meses, é maior que a média mundial. De cada 100 estabelecimentos iniciais, 49 são comandados pelo sexo feminino. De acordo com o estudo, as mulheres preferem os comércios de vestuários, estética e tratamento de beleza, fornecimento de comida preparada e confecções. Já os homens gostam mais de atividades ligadas à manutenção e reparação de veículos automotores, minimercados, lanchonetes e similares, e transporte de passageiros.

Dados referentes a 2010 da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que os pequenos negócios geram dois em cada três postos de trabalho no setor privado. A gerente de empreendedorismo e inovação do Sebrae/RS, Viviane Ferran, diz que o Rio Grande do Sul tem característica empreendedora e que o brasileiro é bastante criativo, porém, perde no quesito inovação. Apesar disso, uma das qualidades fortes dos gaúchos é a coragem, pois costuma arriscar em algo mesmo com tecnologias mais atrasadas.

Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas favorece os munícipios


Norma está aprovada em 429 cidades gaúchas, diz Machado. GILMAR LUÍS/JC

Reivindicada por vários setores econômicos do País, a Lei Complementar nº 123/2006 regularizou e ampliou as vantagens da maioria das micro e pequenas empresas (MPEs), que representam mais de 90% das companhias existentes no País. Ela cria uma série de facilidades tributárias e de negócios, como o tratamento diferenciado em licitações públicas. De acordo com o gerente de políticas públicas do Sebrae/RS, Alessandro Machado, 429 cidades gaúchas já estão com a lei aprovada.

No entanto, isso não significa que estejam em vigor, desse total, apenas 59 cumprem, pelo menos, quatros quesitos da lei, condição mínima necessária para atingir a pontuação e ser consideradas implementadas. “Esse número ainda é pouco, mas é um trabalho lento”, conforma-se o gerente.

De acordo com Machado, a instituição começou esse ano a trabalhar no sentido, de auxiliar as prefeituras na aplicação da lei. A desburocratização do alvará provisório, por exemplo, além de deixar os documentos de abertura e fechamento de empresas em uma única secretaria é uma das condições básicas exigidas pela legislação.

O retorno desses 59 municípios é percebido pelos gestores. Machado explica que as prefeituras passaram a formalizar e a incentivar mais os empreendimentos locais. “Nós tentamos mostrar que, para se ter uma economia forte dentro do município é fundamental valorizar os pequenos”, reforça.

Abertura de empresa exige conhecimento do mercado


Koch destaca a necessidade de um bom planejamento. ANA PAULA APRATO/JC

Em um contexto de grande competitividade, uma boa ideia já não é mais o suficiente para determinar o sucesso de um empreendimento. Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch, o bom planejamento e a busca constante por conhecimento servem de insumos para a perpetuação de uma empresa produtiva. Além disso, para ele, a dedicação é o ingrediente fundamental para o crescimento dos negócios. Ele alerta que, seja qual for o setor, com maior ou menor necessidade de pessoas, antes de iniciar a operação e durante o desenvolvimento da empresa, toda a equipe precisa estar preparada para os desafios.

JC Contabilidade - Como planejar a abertura de uma empresa?

Vitor Augusto Koch - Abrir um estabelecimento nos tempos atuais não é uma tarefa tão complicada, porém, exige alguns cuidados. É fundamental que o empreendedor que está prestes a começar um negócio próprio preocupe-se com três questões básicas. A primeira é identificar uma oportunidade, estudar a viabilidade e capacitar-se. O planejamento de uma empresa nada mais é do que antecipar os acontecimentos do dia a dia dessa empresa, uma prática que auxilia o empreendedor a tomar suas decisões perante os acontecimentos concretos, precaver-se diante das variáveis que são difíceis de prever e manter-se dentro de um objetivo com sua empresa. A ferramenta mais utilizada para isso é o plano de negócios. Com ele, é possível identificar os aspectos mercadológicos, tais como: perfil de cliente, concorrência e fornecedores, análises essas que, combinadas, ajudam a caracterizar as estratégias de marketing que a empresa vai adotar para atrair e manter seus clientes, além da caracterização da empresa de forma geral. A análise financeira e os direcionadores estratégicos (missão, visão, princípios) também são contemplados.

Contabilidade - Qual é o capital necessário para abrir uma empresa?

Koch - A análise de quanto ele irá gastar para concretizar sua ideia depende do modelo de empreendimento e a definição do investimento necessário.

Contabilidade – Mas, com pouco capital, é possível arriscar em um negócio próprio?

Koch - Como os recursos necessários diferem de empresa para empresa, é possível afirmar que não existem restrições para uma pessoa com pouco capital abrir sua empresa. É essencial que o empreendedor respeite a sua capacidade financeira.

Contabilidade - Fazer um empréstimo para abertura do negócio é um risco? Em que momento ele pode recorrer aos créditos bancários?

Koch - Este item merece total atenção. O crédito bancário pode ser um aliado, mas também pode se tornar um grande vilão da empresa se mal-utilizado. Planejar é novamente a principal dica. O empresário precisa conhecer sua necessidade de recurso e o que este empréstimo lhe proporcionará. Então, é importante realizar uma pesquisa de qual instituição e linha de financiamento são mais adequadas.

Contabilidade - A Eireli facilitou a abertura de empresa sem sócio. Quais são os cuidados que ele deve ter já que está sozinho?

Koch - Ter, ou não, um sócio, ou sócios, em sua empresa, depende do modelo de seu negócio. E deve ser pensado no planejamento da empresa. A Eireli possibilitou que empreendedores abram suas empresas individualmente com a segurança jurídica do seu patrimônio pessoal, reduzindo distorções de se registrar como sociedade um empreendimento que, na prática, teria apenas um dono. Foi um avanço no marco regulatório relacionado aos negócios no País.

Contabilidade – Quais são as dicas para atrair clientes?

Koch - O empresário precisa lembrar que marketing não se resume a anúncio, outras estratégias devem ser experimentadas. Diante das exigências e condições que os mercados impõem às empresas, elas devem adotar estratégias para conquistar e manter seus clientes. Essas práticas são mais bem-definidas quando a empresa tem seu perfil de cliente-alvo definido. Segmentando os diferentes perfis a que a empresa atende, ela pode desenvolver seu plano de ação a fim de otimizar o resultado que os clientes proporcionam à organização e vice versa.

Contabilidade - A folha de pagamento é um dos maiores encargos para um empreendedor. Como ele deve fazer para honrar com esse compromisso?

Koch - É preciso estar bem-assessorado para atendimento das obrigações legais relativas aos funcionários. Considerar a importância de se ter a equipe interessada, motivada e produtiva para o bom desempenho da empresa, mesmo que isso remeta a gastos maiores com pessoal, precisa ser entendido como investimento. E, também, ser pragmático, avaliando constantemente o retorno em relação ao investimento com a folha de pagamento.

Jornal do Comércio - RS

Fonte: Fenacon

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