quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pequenas empresas faturam alto, mas sobrevida é difícil

DCI – SP

Especialistas entrevistados pelo DCI afirmam que melhorou a situação das micro e pequenas empresas (MPE) no País, à medida que o governo aumentou o foco de atuação nesse ambiente

Fernanda Bompan

SÃO PAULO - Especialistas entrevistados pelo DCI afirmam que melhorou a situação das micro e pequenas empresas (MPE) no País, à medida que o governo aumentou o foco de atuação nesse ambiente. Exemplo disso é que o faturamento dessas companhias paulistas cresceu 8,2% em fevereiro em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Sebrae-SP. Mesmo assim, eles comentam que ainda há muito a ser feito tanto em âmbito federal quanto no regional.

Os números do Sebrae-SP mostram que as MPEs do comércio no estado tiveram o melhor resultado do período – alta de 13,5% favorecida pelo aumento de 14% no valor do salário mínimo, injetado na economia no final de janeiro deste ano, e também pela “base de comparação fraca”. Seguido por serviços, cujo crescimento foi de 3,4%.

“Ao considerar somente o comércio, setor que puxou o resultado do mês, existem mais de 850 mil micro e pequenas empresas no Estado de São Paulo. Trata-se de um ambiente altamente competitivo, assim, as micro e pequenas empresas não devem descuidar da competitividade, mantendo-se atualizadas e sempre buscando a inovação”, aconselha o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.

No entanto, a indústria continua a registrar um baixo desempenho – avanço de 1,9% –, conforme aponta o consultor do Sebrae-SP, Pedro João Gonçalves. “A atividade das micro e pequenas empresas reflete a situação econômica. O fraco desempenho da indústria paulista é devido, principalmente, ao aumento das importações [gerada pela valorização cambial]”, diz.

O setor industrial em São Paulo representa 11% das MPEs registradas no estado (cerca de 1,3 milhão). Comércio e serviços representam 57% e 32%, respectivamente, de acordo com levantamento do Sebrae. Do total existente no estado paulista, as micro e pequenas têm 28% da receita bruta do setor formal da economia brasileira.

Soluções

Para o consultor do Sebrae-SP, as recentes medidas adotadas pelo governo para elevar a produção industrial devem ter efeitos positivos nas MPEs, mas há uma agenda que a entidade buscará neste ano. “No sentido de aumentar a competitividade dessas empresas, tentamos implementar leis municipais focados nos micro e pequenos, de modo a possibilitar um tratamento diferenciado a eles; a gerar mais emprego; a criarem um ambiente de negócios mais propício onde não há competição de grandes companhias; e possibilitar a desburocratização”, exemplifica.

Assim como Gonçalves, o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, considera positiva a atuação do governo nos últimos anos. “Mais do que o pacote de medidas para ajudar á indústria brasileira, foi a sinalização da presidente Dilma [Rousseff] de que sua equipe continuará a tomar medidas de estímulo ao parque fabril”, diz. “Micro e pequenas são as que mais sofrem quando um setor está em crise”, acrescenta.

Couri sugere, por outro lado, que alterações nas obrigações assessorias devem ser feitas. “Um exemplo disso é que se por acaso a empresa declarar errado o faturamento ao fisco, vai levar uma multa que pode variar de 75% a 320% desse faturamento. Isso, em muitos casos, pode fazer com que ela peça falência e entre na ilegalidade”, explica.

Ontem, a Serasa Experian divulgou que o número de pedidos de falências, no primeiro trimestre deste ano, cresceu 3,46% em comparação com o mesmo período de 2011, ao passar de 437 para 449. Desse montante registrado no acumulado de janeiro a março, 56% ou 253 foram feitos por micro e pequenas empresas, 116 por médias e 80 por grandes.

O assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, ressalta que por serem em maior número, as MPEs sempre irão apresentar os maiores pedidos. “Porém, o problema atual é que por mais que a taxa Selic [juros básicos da economia] recue, o custo do crédito é maior para elas, já que não há garantias como existem para as grandes. Esse histórico de crédito precisa mudar”, analisa o especialista.

Fonte: Fenacon

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